sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Meu Poema Preferido

Madrigal Melancólico
Manuel Bandeira

O que eu adoro em ti,
Não é a tua beleza.
A beleza, é em nós que ela existe.
A beleza é um conceito.
E a beleza é triste.
Não é triste em si,
Mas pelo que há nela de fragilidade e de incerteza.
O que eu adoro em ti,
Não é a tua inteligência.
Não é o teu espírito sutil,
Tão ágil, tão luminoso,
- Ave solta no céu matinal da montanha.
Nem a tua ciência
Do coração dos homens e das coisas.
O que eu adoro em ti,
Não é a tua graça musical,
Sucessiva e renovada a cada momento,
Graça aérea como o teu próprio pensamento,
Graça que perturba e que satisfaz.
O que eu adoro em ti,
Não é a mãe que já perdi.
Não é a irmã que já perdi.
E meu pai.
O que eu adoro em tua natureza,
Não é o profundo instinto maternal
Em teu flanco aberto como uma ferida.
Nem a tua pureza. Nem a tua impureza.
O que eu adoro em ti - lastima-me e consola-me!
O que eu adoro em ti, é a vida.
11 de junho de 1920

2 comentários:

  1. Só uma pessoa como você, pode perceber a beleza e o encanto em outras rosas. Uma rosa sempre percebe a beleza de sua irmã gêmea. Você é uma dessas rosas, por isso seu jardim é tão belo. Te admiro muito pode acreditar. Parabéns pela sensibilidade e pelo blog tão encantador

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  2. Natália, parabéns pelo blog, são postagens lindas, eu também adoro rosas.Você é uma pessoa muito especial, me orgulho de ser sua colega e amiga.

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